domingo, 15 de setembro de 2013

Refletindo sobre a primeira infância

A primeira infância é certamente a fase da vida do indivíduo em que ele está mais suscetível a absorver informações e padrões de comportamento. (Quer saber um pouco mais sobre a primeira infância no Brasil? Clica aqui!)

A gente sabe que, de um modo geral, nosso país deixa muito a desejar no oferecimento de condições básicas para o desenvolvimento infantil, imagine no quesito "estímulo para o desenvolvimento de aptidões", como fala o texto do link. E isso não é só uma cobrança sobre políticas públicas de saúde, educação, lazer e cidadania. É também um olhar crítico sobre as famílias e a forma como elas lidam com o papel de educar e manter uma criança.

Antes as coisas eram mais fáceis do ponto de vista do cuidado diário, uma vez que as mães não trabalhavam e existia uma ajuda mútua entre as mulheres da família e da comunidade para que todas pudessem cumprir suas tarefas.

Hoje a situação está mais para um show de malabarismo. Os pais trabalham cada vez mais, a comunidade se apóia cada vez menos, as crianças são expostas a mais informações e são cobradas por muito mais resultados.

Então a gente que opta por uma criação participativa vai criar o filho numa redoma onde ele possa entrar em contato com o que julgamos melhor? Mentira! Nem que a gente quisesse. O negócio é auxiliar, é oferecer as melhores condições para que cada criança desenvolva seu senso crítico e seus padrões morais de forma que ela possa ser mais assertiva em suas escolhas. E prepare-se! Nem sempre será como a gente planejou. A gente só tem que entender que criança NÃO é um mini adulto.

Aqui em casa, eu optei por não ver novela a partir do dia em que Alice começou a se interessar por televisão. Enquanto ela está acordada, a TV só é ligada nas programações indicadas para a idade dela. Ah! Mas tem gente que vai dizer que ela é a rainha da casa, que vai mandar em tudo quando crescer. Eu acho diferente. Vejo o que eu quero quando ela vai dormir e acho que ver TV com ela, faz com que a gente dê maior qualidade ao nosso relacionamento. E é um momento ativo de educação onde fazemos o que a excelente Psicóloga Rosely Sayão indicou num documentário super interessante que estava passando no canal Futura: usamos a programação como instrumento de orientação, na qual podemos opinar e deixar clara nossa visão sobre o que está sendo visto:

- Olha, filha, como a amiguinha pediu desculpas. Que linda!
- Viu esse amigo como pegou o lanche dela sem pedir? Que feio! Não pode fazer isso! Vamos pedir a ele pra devolver?

Alice só vê TV sozinha quando infelizmente eu preciso me dividir entre a atenção a ela e os afazeres urgentes da casa: a exemplo da comida dela, do preparo do banho etc. (porque a mamãe aqui só tem faxineira uma vez na semana) #loucuraloucuraloucura

Mas ela um dia vai ver novela? Vai! Vai ver um monte de porcaria? Vai! Vai ligar a TV e ver carnificina, ofensas, baixaria? Vai! E aí? E aí que, quando chegar a hora, ela vai estar prontinha pra entender aquilo e decidir se ela quer ou não mudar de canal. Eu também vejo porcaria, um montão delas, adoro umas futilidades, mas elas não são a minha prioridade. 

Com música é a mesma coisa. Desde que descobri que Alice já ouvia dentro da barriga,  cuidamos muito bem do que ela ouve. E nem é só música de criança. Ela ouve música de qualidade. Principalmente música brasileira. Quando ela cresceu e pôde acompanhar letras e coreografias, começou a se interessar pelos DVDs infantis. Gosto deles. Mais de alguns do que de outros. Mas se tem cor, dança e letras interessantes ela está autorizada a ver (hohoho que mãe durona!). Mas Alice convive com outras crianças e já chegou em casa cantando "Pre-para!" e "lek lek lek lek lek". A gente não dá muita importância e ela esquece. Também não tem nada muito teoria da conspiração tipo "atirei o pau no gato" incita a violência. Respeito quem acredita, mas eu mesma só fui compreender a letra com uma idade em que já sabia que era errado maltratar os animais.

Leituras também são um hobby por aqui. Lia pra ela na barriga e li desde as primeiras semanas de vida dela. (e conversamos muito com ela também). Hoje, com 2 anos e um mês, Alice tem um vocabulário extenso pra idade dela e consegue construir sozinha frases com mais de 5 palavras. (o comum nessa idade são frases com até 3). Além de se expressar muito bem verbalmente, Alice já consegue fazer jogos e brincadeiras de imaginação e faz-de-conta, o que seria comum começar aos 3 anos. (Não. Eu não estou forçando ela a nada. É tudo resposta natural)

E a melhor parte de tudo são as brincadeiras. Tem de todo tipo. Brincadeira pra exercitar, pra rir, pra pensar, pra ensinar e principalmente muita brincadeira sem propósito nenhum. Só mesmo pelo prazer de brincar com ela. Com brinquedo, com a imaginação, com o corpinho. Tudo pra gente fazer com que a Rosely Sayão tenha razão quando diz: "Não basta ser criança pra ter infância."


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